Uma fina casca — para os olhos, essa é a
única diferença entre o arroz integral e o branco. Para o corpo, no
entanto, esse detalhe é fonte de inesgotáveis benefícios, que vão do
controle do diabete à redução da gordura abdominal. Pelo
menos essa é a conclusão de uma pesquisa feita por nutricionistas da
Universidade Tufts, nos Estados Unidos, que analisaram a dieta de 2 800
pessoas. Entre elas, as que consumiam três ou mais porções de cereais
integrais diariamente — e não abusavam dos refi nados — tinham até 10%
menos gordura visceral, aquela que se deposita barriga adentro e recobre
órgãos como pâncreas, intestino e fígado. À primeira vista, a redução
pode parecer pequena, mas as vantagens são imensas.
A começar pela barriga, que dá uma enxugada. Em consequência, o
coração é beneficiado: células gordurosas mais murchas significam menos
inflamação nas artérias e, claro, menos trabalho para fazer o sangue
circular. “Sem contar que, nos últimos anos, a ciência provou que a
distribuição da gordura no corpo é importante para determinar o risco
cardiovascular”, explica José Renato das Neves, cardiologista do
Hospital Samaritano de São Paulo. “Pessoas que nem sequer têm peso
elevado, mas apresentam a adiposidade nas vísceras ou órgãos internos,
apresentam um risco maior.” Junto a tantas vantagens, existe ainda a
menor probabilidade de aparecimento de tumores, como o de mama.
Agora resta a pergunta: como essa casquinha, que parece tão
insignificante, consegue resultados tão surpreendentes? “A resposta está
no seu teor de fibras. Quanto maior seu valor, menor é a quantidade de
glicose e lipídios absorvidos. Esses fatores são importantes para evitar
a deposição de gordura intra-abdominal”, esclarece Rosana Radominski,
endocrinologista e presidente da Associação Brasileira para o Estudo da
Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso). É que as fibras formam uma
espécie de goma quando entram em contato com a água e, assim, tornam a
digestão mais lenta, fazendo com que o açúcar proveniente dos alimentos
seja assimilado aos poucos. Se não fosse dessa forma, aumentaria a
produção de insulina, hormônio responsável por mandar a glicose para
dentro das células. Só que, em excesso, ele infla os pneus da barriga e,
ainda, abre caminho para o diabete.
Quem come arroz diariamente costuma se alimentar de maneira mais
saudável em todas as refeições — e aí o corpo agradece com todas as suas
forças. Ao analisar dados de 1999 a 2004 sobre a dieta de mais de 25
mil crianças e adultos, pesquisadores americanos constataram que nos
apreciadores desse cereal não havia carência de nutrientes essenciais
para o organismo, como ácido fólico, potássio e outras vitaminas do
complexo B. Muito pelo contrário.
O estudo, realizado por uma empresa de consultoria alimentar,
baseou-se no National Health and Nutrition Examination Survey, um
levantamento feito periodicamente pelo governo dos Estados Unidos. O
resultado mostrou ainda que os consumidores regulares de arroz têm menor
propensão a acumular quilos extras, 34% menos risco de hipertensão e
27% menos probabilidade de aumento na circunferência abdominal. “O arroz
em si, principalmente o integral, é considerado uma boa fonte de fibras
alimentares, de vitaminas do complexo B e de minerais”, confirma a
nutricionista Patrícia Ramos, coordenadora do Serviço de Nutrição do
Hospital Bandeirantes, na capital paulista. “A longo prazo, sua ingestão
diminui mesmo o risco de diversas doenças.”
Os tipos integral e parboilizado também ganham destaque pelos teores
de metionina, um aminoácido essencial que evita a queda dos cabelos e
hidrata pele e unhas. “Sem contar que a metionina é precursora de um
neurotransmissor, a serotonina”, conta Patrícia. Essa substância é uma
espécie de antidepressivo natural. O aminoácido ainda auxilia na redução
do colesterol e afasta a fadiga crônica. Com tantos benefícios, é
triste saber que o cereal deixou de ser o preferido dos brasileiros na
hora do almoço e do jantar. Segundo um levantamento do Instituto
Brasileiro de Geografi a e Estatística (IBGE) divulgado no fi nal do ano
passado, hoje consumimos cerca de 40% menos arroz do que no início dos
anos 2000. Mas, justiça seja feita, ele merece dar a volta por cima — e
retornar para a sua mesa, principalmente na versão integral, é claro. “O
ideal é ingerir o alimento na maioria das refeições”, sugere a
nutricionista Renata Garrido, do Hospital Nove de Julho, em São Paulo.
“Não há uma recomendação mínima, mas o correto é substituir o branco e
incluir o integral aos poucos. Mas, como esse é um hábito novo para boa
parte da população, o mínimo consumido já é válido”, conclui. Bom
apetite!
Drogaria São Bento, Cuidar de VOCÊ faz bem.
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