segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Ingestão excessiva de café, chá e isotônicos pode prejudicar a função dos rins, diz especialista

Os cálculos renais são as populares pedras nos rins, que acometem até 15% da população mundial, principalmente no mundo ocidental. No entanto, os cálculos podem surgir em todo o trajeto urinário (rins, ureteres e bexiga) e podem ser de diferentes tamanhos – alguns pequenos o suficiente para serem excretados espontaneamente, outros maiores que podem obstruir completamente o trajeto urinário, levando à insuficiência renal.

O que o causa?

O ponto inicial na sua formação é a supersaturação da urina por uma determinada substância (cálcio, acido úrico, oxalato, fosfato, etc.), que se dá por diferentes causas, seja por patologias renais ou sistêmicas, seja por maus hábitos alimentares. Com a cronicidade dessa alteração urinária, há a formação de pequenas pedras (microcálculos) que podem aumentar seu tamanho, causando dor.

A importância do diagnóstico específico da substância em desequilíbrio, feito pelo nefrologista, pode levar a diagnósticos precoces de doenças sistêmicas (inflamatórias, autoimunes e metabólicas) que cursam com cálculo renal, além de nortear a terapia específica para tal distúrbio.

Por que o consumo excessivo de chá, mate e isotônico está ligado ao cálculo renal?

Um dos grandes ditos populares dá conta de que "beber muito líquido protege os rins". Mas devemos ter cuidado ao analisar tal afirmação.

A ingestão excessiva e crônica de determinados líquidos pode prejudicar a função renal por aumentar as chances de aparecimento de cálculos renais. Chás e café são ricos em cafeína, o que eleva os riscos de cálculos de oxalato de cálcio. Já os isotônicos são ricos em sódio, o que eleva a excreção de cálcio pela urina. E o mate é rico em oxalato, outro causador de cálculos renais. Portanto, tais bebidas podem ser ingeridas, mas não podem ser a base da hidratação de um indivíduo.

Sobre o volume de água que devemos ingerir por dia, não existe um número mágico. O importante é sempre termos acesso à água, seja em casa, no trabalho ou em prática de atividades físicas, para bebermos quando tivermos sede. Fazendo isso, ingerimos, em média, 2 a 2,5 litros de água por dia, o que é o adequado não só para evitar cálculos renais, mas também para melhor funcionamento intestinal.

Atinge mais mulheres ou homens? Por quê?

Sabe-se que homens são mais propensos que mulheres. No entanto, essa relação que era de 3 para 1 há 30 anos agora é de 1,8 para 1. Isso pode ser explicado pelo aumento dos casos de sobrepeso/obesidade em mulheres nesse período. Além da obesidade, uma dieta rica em sódio também aumenta a chance para a formação de cálculos.

Quais os sintomas?

Seus sintomas podem variar de acordo com o tamanho e a localização no sistema urinário. A dor, principal sintoma, geralmente é de forte intensidade, localizada na região lombar, podendo irradiar para a virilha, coxa e órgãos genitais.

Alguns pacientes podem apresentar apenas dor à micção, o que pode ser confundido com episódios de infecção urinária, principalmente em mulheres, devendo, assim, fazer parte do diagnóstico diferencial em mulheres com infecções urinárias de repetição.

Outro sintoma bastante comum é a hematúria (sangue na urina) visível ou não. As crises álgicas podem ser acompanhadas de vômitos, diarreia...

Porém, cálculos pequenos podem ser assintomáticos e apenas diagnosticados em exames de rotina.

O diagnóstico pode ser feito através de exames de imagem após avaliação médica dos sintomas descritos acima. Alguns cálculos podem ser vistos em radiografias simples de abdome. No entanto, os exames mais realizados para seu diagnóstico são a ultrassonografia e a tomografia computadorizada, este o exame de escolha para o diagnóstico na fase aguda.

Tão importante quanto o diagnóstico de cálculo renal é a investigação, por um nefrologista, da condição subjacente que está levando à formação dos cálculos, já que a chance de recorrência em um ano é de 15%, em cinco anos de 35% e em dez anos de 50%, caso não diagnosticado e tratado adequadamente.

 Qual o tratamento disponível?

O tratamento deve ser feito em dois tempos, na fase aguda e na fase de prevenção. Na fase aguda, o tratamento deve se voltar para o controle da dor, com o uso de anti-inflamatórios ou analgésicos (sempre sob supervisão médica), e para a retirada do cálculo, por diferentes abordagens dependendo do seu tamanho.

Cálculos pequenos são acompanhados clinicamente com o uso de medicamentos que facilitam a sua passagem pelo trajeto urinário. Já cálculos maiores devem ser abordados cirurgicamente por procedimentos minimamente invasivos ou, em casos mais graves, em cirurgias maiores.

A fase de prevenção é feita após investigação diagnóstica pelo nefrologista, onde serão realizados exames complementares de sangue e urina, para saber que substância é a principal causadora dos cálculos e se é um problema primariamente renal, metabólico ou outra doença subjacente.

Baseado nesse diagnóstico, é iniciado um tratamento específico com medicamentos e acompanhamento dietético para a prevenção de novos episódios. Com o tratamento regular e acompanhamento médico, a chance de novo episódio de cálculo renal pode cair em até 10 vezes.



Dr. André Felipe Sloboda é pós-graduado em Nefrologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e especialista em Nefrologia pela Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN). Foi short-term fellow pelo Presbyterian Hospital da Universidade de Columbia, em NY, e é diretor-clínico da Renalduc - Instituto de Terapia Renal, no Rio de Janeiro.


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